Empreendedorismo para Todos

2007-06-21

Formação para o EMpreendedorismo

Muito se tem escrito sobre a bondade de uma sociedade mais empreendedora. Também se reconhece que a situação portuguesa carece de ser melhorada, existindo vários programas que estimulam o empreendedorismo em geral e a criação de empresas em particular.Um estudo recentemente, a ser publicado pelo Observatório do Emprego e Formação Profissional, analisou 26 programas de formação direccionados à criação de empresas. De uma forma genérica, a taxa de sucesso, medida pelo número de empresas criadas, ronda os 16%. Este número situa-se um pouco abaixo de vários programas europeus, a rondar os 25%.Podemos destacar como factores indutores da criação de empresas, a motivação explícita e genuína dos formandos nesse sentido, o contacto com a realidade empresarial durante a formação, metodologias activas utilizadas no processo e uma orientação para o desenvolvimento das competências empreendedoras, mais do que a elaboração do plano de negócios, característica patente na quase totalidade dos programas.Apesar destas boas práticas, num número muito reduzido de programas, continuam a subsistir formações longas, centradas na sala de aula e em conteúdos de gestão, estandardizadas, independentemente do público-alvo, sem qualquer apoio ao nível do financiamento e incubação, com falta de momentos de construção de redes com empresas e entidades, com uma notória falta de monitorização dos percursos e dos resultados dos processos formativos.Atrevemo-nos a sugerir um conjunto de recomendações. Ao nível dos objectivos gerais, necessitamos de acções mais transversais que desenvolvam as competências empreendedoras da população. Ao mesmo tempo, importa também potenciar os indivíduos que possuem ideias capazes de se transformarem em oportunidades de negócios.A utilização do balanço de competências reveste-se de crucial importância, porquanto permitir identificar o ponto de partida e as lacunas existentes, facilitando a customização dos programas de acordo com as características dos formandos. Neste sentido, mais do que a concentração dos programas num espaço temporal definido, urge desconcentrar no tempo, permitindo acompanhar a evolução dos indivíduos e dos seus projectos empresarias, revestindo-se particularmente interessantes a utilização do “coaching”.Importa ainda, no campo das metodologias, apostar naquelas que promovam um envolvimento activo dos formandos, para além de se possibilitarem momentos de contacto com os contextos reais de trabalho, potenciando a formação “on Job”, junto de empresas e empreendedores que passaram pelo mesmo processo. Um outro aspecto que se deve potenciar reside na organização em parceria destas iniciativas, numa lógica de complementaridade. Entidades formadoras, como escolas e instituições de ensino superior, associações empresariais e de desenvolvimento local, autarquias, entidades gestores de espaços de ciência e tecnologia e de incubação a par de parceiros financeiros necessitam de colaborar com o objectivo de uma formação global em todo o ciclo, oferecendo serviços integrados aos empreendedores.Por fim, mas não menos importante, importa avaliar e publicar essa avaliação. Sugerem-se diferentes níveis de critérios. Por um lado, o número de empresas criadas, quando este seja o objectivo explícito. Mas, a evolução das competências empreendedoras dos indivíduos e o seu percurso no mercado de trabalho deverão também ser objecto de monitorização. Isto significa, que uma perspectiva longitudinal deve enformar este sistema de avaliação.